Referência na rede de Assistência Social desde 2018, o trabalho de acolhimento a migrantes nacionais e internacionais desenvolvido pela equipe do Cras Mida Barbosa Marques, no bairro Guanandi foi um dos destaques do XII Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas, realizado durante dois dias esta semana em Brasília.
O trabalho foi apresentado pela gerente da Proteção Social Básica da Secretaria de Assistência Social (SAS), Priscila Justi, que na época era coordenadora do Cras. Junto com os psicólogos Caroline Souza de Matos, Cleberson da Silva Alves e Dhyana Alves Mancilla, além das assistentes sociais Adriana de Lima Neves Aguilera, Leatrice de Castro Maria, ela desenvolveu o projeto que hoje contabiliza 700 atendimentos a famílias de migrantes.
O convite para o Seminário surgiu após participação do grupo em um Congresso ano passado, em São Paulo. “Na ocasião teve um grupo de servidores do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais que assistiu nossa explanação e sugeriu que a experiência fosse compartilhada no evento que aconteceu em Brasília esta semana”, contou Priscila.
O Seminário foi híbrido, com participações presenciais e on-line e reuniu profissionais de todo o país que participaram de três mesas de discussão.
“Considero este o evento mais importante porque foi algo específico, de nível nacional, que abordou a Psicologia e as Políticas Públicas, abrangendo a questão migratória. Fiquei feliz pelo reconhecimento e é um incentivo para a equipe que continua desenvolvendo o trabalho na unidade, já que a região do Guanandi é marcada por essa população”, afirmou.
O trabalho foi idealizado pensando em garantir maior acesso e esclarecimento sobre os serviços, programas e benefícios do SUAS aos migrantes nacionais e internacionais, que residem na região do Cras, formada por 94 bairros e adjacências.
Origem
O projeto teve início antes mesmo de Priscila assumir a coordenação da unidade. A equipe técnica já tinha um estudo em andamento, que indicava um aumento do fluxo migratório de migrantes internacionais na Capital, em especial venezuelanos e haitianos, que, ainda hoje, enfrentam problemas sociais e econômicos em seus países de origem.
A partir de 2021 o trabalho começou a ganhar corpo de maneira efetiva. Como o Cras está localizado próximo à região central, grande parte deste público buscava apoio na unidade, por isso, pensando em como os profissionais poderiam atuar de maneira mais assertiva na garantia de direitos desse público, os técnicos iniciaram um trabalho específico, elaborando atividades coletivas, acolhimento individualizado, produção de material informativo em espanhol e francês e articulação com a rede de proteção (OSCs), associações, UEMS, centros comunitários e comunidades religiosas que atende e acolhe as famílias migrantes.
Também são organizadas oficinas e ações comunitárias, que ainda acontecem no Cras para os migrantes. Para a gerente, o próximo desafio é ampliar a iniciativa para os demais equipamentos da rede. “O projeto garante os direitos desse público, por isso nosso desafio a partir de 2024 é levar o trabalho para as demais unidades da Básica e atender os migrantes de todas as regiões sem eles precisarem se deslocar até o Cras Guanandi”, ressaltou.