Funcionário do governo desapareceu de um navio e reapareceu em águas do norte, onde foi morto e teve corpo incendiado, segundo autoridades. É a primeira vez em dez anos que militares norte-coreanos matam cidadão do sul.
A Coreia do Sul afirmou nesta quinta-feira (24/09) que forças de segurança norte-coreanas mataram um funcionário do governo sul-coreano e, em seguida, atearam fogo ao corpo dele. É a primeira vez em dez anos que militares norte-coreanos matam um cidadão da Coreia do Sul.
Segundo as autoridades em Seul, o homem, de 47 anos, desapareceu na segunda-feira de um navio de patrulha do Ministério dos Oceanos e da Pesca que verificava se ocorria pesca irregular em águas do sul, perto da ilha de Yeonpyeong, um dia antes de ser encontrado do lado norte da divisa.A Coreia do Norte enviou agentes de fronteira, usando máscaras de gás e a bordo de um bote, para as proximidades de onde o homem estava, nesta terça-feira, para interrogá-lo. Mais tarde, um bote da marinha norte-coreana foi até o local, e militares dispararam contra ele, segundo o Ministério da Defesa da Coreia do Sul.
Depois, marinheiros vestindo roupas de proteção e máscaras de gás jogaram gasolina e atearam fogo ao corpo, relatou o ministério, afirmando que a ação foi gravada por câmaras de vigilância.
Não está claro como o homem foi parar em águas norte-coreanas. Mas um funcionário da Defesa da Coreia do Sul disse que o homem pode ter tentado desertar para a Coreia do Norte. Ele acrescentou que o homem estava usando um colete salva-vidas e estava sobre um pequeno objeto flutuante.
Para esse funcionário, a Coreia do Norte pode ter decidido matar o homem por causa das suas rígidas regras anticoronavírus, que incluem matar qualquer um que tente cruzar ilegalmente a fronteira. Oficialmente, a Coreia do Norte não registrou nenhum caso do novo coronavírus.
O governo da Coreia do Sul condenou o que chamou de atrocidade e conclamou a Coreia do Norte a pedir desculpas e punir os responsáveis.
Especialistas duvidam que se trate de uma deserção. “Um servidor público desertando para a Coreia do Norte? Isso soa algo estranho, pois ele tem estabilidade no emprego”, disse o analista Choi Kang. “Por que a Coreia do Norte mataria um homem que estaria desertando voluntariamente para o norte? Eu posso dizer ainda que a queima do corpo foi uma tentativa de destruir evidências.”
O Ministério dos Oceanos e da Pesca disse que o homem não comentou com nenhum colega sobre um plano de deserção e que ele deixou a maior parte dos seus pertences no navio. Ele deixou, porém, os sapatos que usava no navio-patrulha, o que sugere que tenha entrado na água por vontade própria.