Em restaurantes, academias, clínicas, lojas e outros espaços coletivos, o uso da máscara tornou-se indispensável e deve ser feito de maneira correta, sempre cobrindo o nariz e a boca. Antes de o item se tornar prevalente, cientistas de Stanford, Universidade da Califórnia, realizaram um estudo dos locais em que há mais risco de transmissão. Para isso, os pesquisadores usaram dados de movimentação de pessoas em dez cidades dos Estados Unidos, e os dez primeiros locais da lista, de maior para menor risco, são:
1. Restaurantes de “serviço completo” (aqueles em que as pessoas sentam para comer e são servidas por alguém).
2. Academias.
3. Cafés e bares.
4. Hotéis e motéis.
5. Restaurantes de “serviço limitado” (aqueles em que as pessoas podem levar a comida ou sentar, mas pagam antes).
6. Centros religiosos.
7. Consultórios médicos.
8. Mercados.
9. Lojas de mercadorias usadas.
10. Pet shops.
A listagem completa, disponível na revista científica Nature, conta com 20 localidades. No caso específico dos ônibus, que nem chega a aparecer no ranking, a limpeza diária dos veículos e o aumento dos níveis de ventilação fazem a diferença no quesito segurança. Segundo outra pesquisa, agora da Universidade de Caxias do Sul (RS), o volume de circulação de ar por pessoa em um ônibus comum chega a ser 67% superior ao exigido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas.
A NTU, Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano, também realizou um amplo estudo técnico, chamado de Análise da Evolução das Viagens de Passageiros por Ônibus e Casos Confirmados da Covid-19, sobre como minimizar os riscos de contágio pelo coronavírus nos coletivos. Ao longo dos exames, com o intuito de combater a desinformação durante a pandemia e bloquear o aumento da circulação de notícias falsas no Brasil, percebeu-se que, com as medidas de prevenção, o transporte público não é o vilão.
A pergunta central da análise foi: pode-se afirmar que o uso do transporte público de passageiros por ônibus está diretamente relacionado ao número de casos confirmados de Covid-19? Para respondê-la, a NTU recebeu dados de 15 sistemas, responsáveis por 325 milhões de viagens por mês ou 13 milhões por dia, o equivalente a 32,5% dos deslocamentos no país.
Com uma rede de contatos técnicos, ao monitorarem o uso do ônibus e o número de casos das cidades participantes do estudo, em conclusão, foi confirmado categoricamente que não pode ser comprovada uma relação entre a utilização do transporte e o avanço da doença.
Metodologia
As ocorrências de Covid-19 foram analisadas em 17 semanas epidemiológicas, no período de 29 de março a 25 de julho de 2020. No estudo, consideraram-se os resultados positivos confirmados sete dias após as viagens, uma vez que, em caso de contaminação durante o percurso, esse seria o prazo médio entre a infecção e a detecção em testagem. A partir das respostas, a metodologia utilizada para a análise estatística dos resultados foi o coeficiente de Pearson.
Nas sete primeiras semanas de avaliação, da 14ª até a 20ª, e, posteriormente, nas cinco últimas, da 26ª até a 30ª, a demanda do transporte coletivo por ônibus foi superior ao registro de contaminações pelo coronavírus. Já entre a 21ª e a 25ª semana, o número de casos foi superior às viagens.
Repercussão e medidas preventivas
Para que a pesquisa fosse apresentada, a NTU contou com o atestado de profissionais da área da saúde. Harley Oliveira, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia e consultor para organizações internacionais no contexto da pandemia, por exemplo, considerou a informação consistente, assim como a metodologia e a coleta de dados. Além disso, é fundamental reforçar que a adoção de medidas preventivas é essencial.
Com as condições adequadas oferecidas no transporte coletivo, as recomendações para que cada passageiro se cuide e colabore com as medidas preventivas fazem parte das viagens, conforme vem sendo chamado, do novo normal.
Subsídio e colaboração
Fechando o material do levantamento, a NTU considerou as sugestões de especialistas de que seria preciso haver subsídio e apoio do governo federal para que – durante a retomada das atividades econômicas e até que a rotina se normalizasse – o transporte público não sofresse um colapso gerado pelo desequilíbrio financeiro. A prioridade para o momento é continuar garantindo qualidade nos ônibus e segurança aos clientes e aos colaboradores.