As mulheres empreendedoras estão mais pessimistas que os homens no retorno de seus negócios à normalidade. É o que aponta uma pesquisa feita pelo Sebrae e a Fundação Getúlio Vargas. Segundo o levantamento, 66% das empresárias ouvidas acham que menos da metade dos clientes voltarão a consumir em 30 dias, contra 59% dos homens. Ainda de acordo com a pesquisa, as mulheres foram mais prejudicadas do que os homens no tocante ao faturamento mensal das empresas (77% delas acusaram diminuição, contra 73% dos homens) e um percentual maior de empresárias alega ainda ter muitas dificuldades para manter seu negócio (45% delas, contra 42% deles).
O levantamento, realizado entre 28 de setembro e 1º de outubro, mostrou que apesar de sofrerem mais com o impacto da crise que os homens, as mulheres mantêm um comportamento anterior à pandemia que é uma maior resistência a buscar crédito. Desde o início da crise, apenas 46% das empresárias buscaram empréstimos, contra 53% dos homens.
“O que já era difícil, desafiador e precário antes da pandemia, ficou muito pior. A questão é cultural, que além de introjetar na mulher crenças limitantes em relação ao mundo dos negócios, ainda tem a questão das tarefas domésticas e com os filhos que continuam recaídas sobre as mulheres. Se antes da pandemia, algumas ainda contavam com creches, escolas ou ajuda de funcionários cuidando da casa e das crianças, com o isolamento, acabam por acumular 100% das tarefas, ficando esgotadas e reduzindo a quantidade de horas dedicadas às empresas”, ressalta a analista de Cultura Empreendedora do Sebrae, Renata Malheiros. “Sem contar que os setores com mais predominância de mulheres, de alimentos e bebidas e salão de beleza, também foram mais impactados pela crise”.
As mulheres mostram, entretanto, uma maior capacidade de implementar inovações em suas empresas que os homens. De acordo com os dados do Sebrae, cerca de 42% delas passaram a comercializar novos produtos/serviços, desde o início da crise do coronavírus, contra 37% dos homens.
Números da Pesquisa
* As mulheres estão mais pessimistas quanto ao retorno da clientela, pois 66% delas contra 59% dos homens acham que menos da metade dos clientes voltarão em 30 dias.
* Há mais mulheres alegando ter ainda muitas dificuldades para manter seu negócio do que homens (45% delas contra 42% deles).
* Mesmo sendo mais proativas do que os homens, com cerca de 42% delas passando a comercializar novos produtos/serviços, desde o início da crise do coronavírus, contra 37% dos homens, um percentual maior de mulheres (77%) em relação aos homens (73%) acusou diminuição do faturamento mensal.
* A maior parcela dos empresários do sexo masculino (38%) tem dívidas, mas está em dia com elas, enquanto parcela maior das mulheres (35%) afirma não ter dívidas/empréstimos.
* Os homens são mais propensos a contrair dívidas do que as mulheres. 53% deles buscaram empréstimo bancário desde o começo da crise, enquanto 54% das mulheres preferiram não se endividar.
* Cerca de metade dos empresários do sexo masculino atuam no setor de Serviços, enquanto metade das empresárias estão no Comércio.