A produção de uma nova vacina de forma tão urgente enfrenta 3 barreiras para alcançar de forma maciça a população: O cientifico ( desenvolvimento ), industrial ( produção ) e a logística ( distribuição ).
Nos últimos dias tivemos uma série de boas notícias a respeito do desenvolvimento de novas vacinas contra o novo coronavírus. Com isso, governos e empresas começam a desenvolver estratégias para evitar um gargalo logístico, ou seja, fazer a vacina chegar aonde é necessária.
O Governo brasileiro, porém, diz acreditar que a discussão ainda é prematura.
Mauricio Zuma, diretor do instituto Bio-Manguinhos/Fiocruz, afirma que “A questão dos insumos é preocupante, mas, como utilizaremos os formatos que normalmente usamos para as nossas vacinas, acreditamos que o risco seja menor neste momento. De qualquer forma, estamos trabalhando junto aos fornecedores de insumos para evitar rupturas no abastecimento”.
O Ministério da Saúde tranquiliza, informando por meio de sua assessoria de imprensa que o Brasil tem tradição em distribuir 19 tipos de vacinas diferentes no SUS, e usará esse conhecimento para distribuir uma provável nova vacina contra a Covid-19.
Segundo o Ministério, essa discussão ainda é prematura, pois ainda não se conhece detalhes de uma nova vacina.
Segundo Nancy Bellei, infectologista, virologista e pesquisadora da UNIFESP, o país vai se beneficiar por ter um dos melhores programas de vacinação em massa no mundo. Ela afirma que apenas no caso da vacina da gripe, são 60 milhões de doses distribuidas em todo território nacional.
“Planejar um programa de vacinação, distribuir vacina injetável, intramuscular, a gente já faz. É claro que temos dificuldade. Imagino que os países irão vacinar ao longo do tempo, todo mundo vai precisar de seringa, agulha, de profissionais e de cadeia de frio para conservação, mas o Brasil já tem tradição de vacinar”.
Para especialistas, o maior risco para a distribuição de uma nova vacina é o de se repetir o caso dos respiradores: o mundo inteiro ficar dependente de poucos fornecedores.
Ninguém será vacinado na primeira semana após a aprovação. A produção, na melhor das hipóteses, será na casa dos milhões, com uma demanda de bilhões. A distribuição terá de ser segmentada e com muita disciplina”, afirma o professor de logística Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral. “O desafio da distribuição dessa vacina só é comparável ao abastecimento das grandes guerras mundiais”.
Em relatório publicado na última terça-feira, a Eurasia Group, empresa de consultoria e pesquisa de risco político, alerta que a melhor forma de evitar gargalos é firmando parcerias. Alemanha, França, Holanda e Itália formaram uma aliança para colaborar na fabricação e distribuição de uma vacina”.
Neel Jones Shah, responsável global de relações com companhias aéreas da transportadora Flxport, disse em um evento nos EUA que “não estamos preparados[…]As cadeias de suprimentos de vacinas são exponencialmente mais complexas do que a cadeia de suprimentos de EPIs”.