Economia

No Centro-Oeste, 36% das mulheres são as únicas responsáveis pelo sustento da família, revela pesquisa

Cada vez mais o público feminino lidera o orçamento das casas, o pagamento das contas, a renegociação de dívidas e a busca por crédito

Março de 2024 – Cada vez mais no comando das despesas da casa, as mulheres são hoje predominantemente protagonistas nas finanças das famílias brasileiras, como mostra a pesquisa A Relevância das Mulheres nas Finanças Brasileiras. No Centro-Oeste, 36% mulheres são as únicas provedoras de renda de suas famílias. Entre as várias funções exercidas, além do trabalho dentro e fora do lar, elas lideram o pagamento das contas básicas, a organização com o dinheiro em geral e a regularização de pendências financeiras, como aponta o estudo realizado pelo Instituto Opinion Box, a pedido da Serasa.

De acordo com a pesquisa que ouviu 184 moradoras da região, para conseguir manter o padrão de vida, 72% das mulheres do Centro-Oeste precisaram fazer algum “bico” ou trabalho informal para complementar sua renda. Os trabalhos de limpeza e revendedora são os mais procurados. Nesse malabarismo, o equilíbrio financeiro se perde. Segundo a pesquisa, nos últimos 12 meses, 6 em cada 10 mulheres tiveram atraso em pelos menos uma das suas contas nesse período. Entre quem teve contas atrasadas, a do cartão de crédito lidera, seguido da conta de luz.

Cenário nacional

No levantamento nacional, 93% das mulheres participam ativamente nas finanças das famílias. O número representa um acréscimo de 5 pontos percentuais em relação à pesquisa semelhante realizada em 8 de março do ano passado para marcar o Dia Internacional das Mulheres. Desse número, 32% delas atuam como as principais responsáveis pelo provimento da casa.

A psicóloga Valéria Meirelles acredita que essa tendência se deve às mudanças no perfil e no comportamento do público feminino, cada vez mais independente sob o ponto de vista financeiro. “Casadas, solteiras, separadas, com ou sem filhos, hoje as mulheres se lançam sem medo no mercado de trabalho e assumem controle sobre as suas próprias finanças”, diz Valéria, doutora em Psicologia Clínica com ênfase em Psicologia do Dinheiro.

Valéria percebe “maior visibilidade e relevância” das mulheres no aspecto econômico, deixando no passado o tempo em que dinheiro era assunto de homem. “O valor da mulher nas finanças de casa sempre existiu, mas era algo interno, associado ao que chamamos de ‘economia do cuidado’. Mesmo sem gerar renda, elas produziam o trabalho de cuidar da casa e, dessa forma, economizavam em despesas, como alimentação, limpeza e outras”, explica. “Mas não eram reconhecidas como líderes do processo”, completa.