O Senador Nelsinho Trad ( PSD ), presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência no Congresso, considera o dossiê produzido pelo Ministério da Justiça sobre grupo de policiais antifascistas como “constrangedor, estranho e inútil”. A informação é do colunista Rubens Valente, do portal UOL.
Em reportagem do UOL publicada na última sexta-feira ( 24 ), o Ministério da Justiça fez um levantamento com nomes de 579 agentes de segurança pública e distribuiu a vários órgãos públicos de Brasília, dentre eles o CIE ( Centro de Inteligência do Exército ), GSI ( Gabinete de Segurança Institucional ) e a Casa Civil da Presidência.
O levantamento aconteceu após o presidente Jair Bolsonaro classificar os manifestantes antifascistas como “marginais, terroristas”.
A Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência ( CCAI ) do Congresso Nacional, presidida pelo senador Nelsinho Trad e tem como vice-presidente o deputado Federal Eduardo Bolsonaro ( PSL – SP ), tem como objetivo, segundo o texto do Senado, “fazer a fiscalização e o controle interno e externo das atividades de inteligência e contrainteligência desenvolvidas no Brasil e no exterior”.
O senador Nelsinho espera retornar os trabalhos da CCAI até meados de agosto. Após isso, o senador espera que tanto o ministro da Justiça André Mendonça, quanto o general Augusto Heleno deverão ser chamados a apresentar explicações sobre o dossiê.
“É preciso esclarecer vários pontos. Já existe um Gabinete Institucional para poder fazer jus a essas demandas de inteligência que possam vir a existir e que o cargo de presidente exige para seu pleno exercício. Se isso não está acontecendo e se é preciso recorrer a um tipo de ‘gabinete paralelo’, a gente tem que entender o motivo. Para que serve, afinal de contas, o GSI? Ele deveria ter todos os requisitos para suprir as necessidades do chefe do Poder. Se isso não está acontecendo, por que não está acontecendo?” questionou o senador.
“Uma das atribuições do GSI existe em outro órgão ligado ao Ministério da Justiça? Por que a sobreposição? O que um está deixando de fazer que teve que criar um outro para fazer? São coisas fora de sintonia”.
Nelsinho afirma considerar o levantamento feito pelo Ministério da Justiça “uma situação inusitada”. “Vamos dizer que a informação tem que chegar sobre determinado assunto. Agora, você mapear, inibir, constranger grupos que venham a fazer oposição dentro de um sistema democrático é no mínimo constrangedor, estranho. Na minha avaliação, também é inútil. Isso vai dar no quê? Você [governo] vai descobri que há um grupo que pensa diferente de você. O que você vai fazer com essas pessoas? Não vejo um desdobramento útil para a história toda.”
Segundo Nelsinho, a CCAI nunca recebeu qualquer informação de potencial perigo em relação aos movimentos antifascistas.