BRASÍLIA – A equipe de Nelson Teich no Ministério da Saúde tem recebido nomes indicados pela ala militar para cargos estratégicos. As mudanças, que já começaram e vão se estender pelos próximos dias, reforçam o que secretários estaduais e gestores do SUS estão chamando de “tutela” do Palácio do Planalto e da área militar, que já tem o secretário-executivo, o general Eduardo Pazuello, “número 2” na hierarquia da pasta.
Apenas na gestão Teich, cerca de 10 militares já receberam ou devem ganhar cargos na pasta. Uma das principais mudanças previstas é a nomeação do coronel Alexandre Martinelli Cerqueira na Diretoria de Logística (DLOG), área responsável por compras do ministério. O militar deve ocupar a vaga de Roberto Ferreira Dias, indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) no começo do governo Jair Bolsonaro.
A portaria de demissão de Dias já consta no sistema do Ministério da Saúde, apurou o Estado. Gestores do SUS reclamam desde a gestão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) sobre promessas não cumpridas de compras para enfrentar a covid-19.
O ministério distribuiu 17,6% dos leitos de UTI; 3,3% dos respiradores; 20% dos testes rápidos (contraindicados para diagnóstico) e 3% dos testes RT-PCR (recomendados para diagnósticos) prometidos a Estados e municípios.
Algumas compras importantes do ministério acabaram frustradas.
Além de Cerqueira, o governo Bolsonaro deve nomear os seguintes militares:
– Tenente-coronel Cézar Wilker Tavares Schwab ao cargo de subsecretário de Planejamento e Orçamento;
– Coronel Luiz Otávio Franco Duarte ao cargo de subsecretário de Assuntos Administrativos;
– Tenente-coronel Reginaldo Machado Ramos ao cargo de diretor de Gestão Interfederativa e Participativa;
– Tenente-coronel Marcelo Blanco Duarte ao cargo de assessor no DLOG
Equipe
Teich tem sido acompanhado em reuniões pelo secretário-executivo da pasta, o general Eduardo Pazuello, apontado em tom irônico por secretários de Estados e municípios como verdadeiro chefe da Saúde. Logo ao assumir o Ministério da Saúde, o presidente chegou a escalar o almirante Flávio Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), para auxiliar na transição do Ministério da Saúde.
A composição da equipe de Teich reflete acordos do governo Bolsonaro para costurar apoio tanto da ala militar como de partidos do “centrão” no Congresso. No cargo, Carvalho fica responsável pela avaliação da oferta de tecnologias no SUS.
*Com informações do Estadão
Foto: Ueslei Marcelino/Reuters