Mesmo após a cura da Covid-19, pessoas relatam uma série de sequelas decorrentes da doença. É o que indica um estudo ainda não publicado da Unicamp.
A pesquisa, liderada pela médica Clarissa Lin Yasuda, busca identificar a persistência de manifestações neurológicas após a Covid-19 por meio de um questionário que pode ser respondido pela internet por qualquer pessoa que tenha tido a doença, mesmo sem sintoma persistente.
Cerca de 4.500 pessoas que responderam a pesquisa, apenas 13,5% afirmam ter se recuperado completamente da doença após dois meses da infecção. Sonolência diurna e dores de cabeça depois de dois meses da doença são sentidas por aproximadamente 34% das pessoas que responderam o questionário. Cerca de 40% afirmam ter alteração de memória.
“Milhares de pessoas têm entrado em contato para relatar algum sintoma neurológico, e isso é assustador, especialmente porque 90% desses respondentes não chegaram a ser hospitalizados com a doença, tiveram casos leves”, diz Yasuda.
“A dor de cabeça é muito limitante. Há relatos de pacientes que não tinham enxaqueca e passaram a ter, ou de pacientes que já tinham enxaqueca e tiveram piora na frequência e na intensidade das crises. Mesmo a fadiga, com sonolência, pode ter um fundo neurológico”, afirma a médica.
Por isso, médicos de diferentes especialistas estão sugerindo que pessoas que contraíram e se curaram da doença visitem um médico logo após o fim da infecção, principalmente se continuarem os sintomas ou antes de reiniciar uma atividade física.
“Todos os pacientes deveriam procurar um médico após a doença. Cada pessoa tem um ritmo de vida e hábitos diferentes; é importante saber se há alguma sequela antes de retomar a vida normal. Há pessoas que ficam com alguma inflamação que pode durar meses”, diz o cardiologista Marcelo Sampaio, da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) à reportagem da Folha de São Paulo.
Para o pneumologista Gustavo Faibischew Prado, a melhor opção é procurar um clínico geral ou médico da família, profissionais que farão uma avaliação global e encaminhar para a especialidade necessária.
“Assim, o paciente recebe orientações sobre os cuidados que deve ter e sabe se precisará fazer algum exame para confirmar existência das sequelas e conhecer a extensão delas”, diz o médico.
*Com informações da Folha de São Paulo