Economia

Com projeto sustentável, nova mineradora de MS exportará 500 mil toneladas de minério em 2022

Em meio às especulações do mercado com a transferência dos ativos da subsidiária da Vale em Corumbá – onde o grupo explorava as reservas do Morro do Urucum desde 1976 -, para a J&F Investimentos Ltda, o setor mineral de Mato Grosso do Sul se expande com o início das operações de uma nova empresa. Trata-se da MPP (Mineração Pirâmide e Participações), que se associou a executivos da mineração de São Paulo e já iniciou as exportações para a Europa.

Constituída há 15 anos, a MPP ganhou “musculatura financeira” com a entrada de expertises do setor e reformulou seu projeto, que há seis meses está sendo implementado com a exploração das reservas minerais do Morro do Rabicho, em Ladário, cidade vizinha a Corumbá. A companhia pleiteia os incentivos fiscais do Estado, que estão sendo analisados pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

Movimentação do minério de ferro no pátio do Porto Granel Química, em direção às barcaças
Com estimativa de produzir 500 mil toneladas de minério de ferro até dezembro deste ano, a empresa projeta comercializar 1,2 milhão de toneladas e expandir seus negócios com o manganês em 2023, mirando também o mercado interno. Absorvendo mais de 90% da mão de obra da região, o número de empregados (hoje são 100, entre diretos e indiretos) deve dobrar no próximo ano. Os investimentos atuais e futuros não foram divulgados.

Segundo o secretário da Semagro, Jaime Verruck, “as jazidas do Maciço do Urucum, a terceira maior reserva de ferro e a primeira de manganês do Brasil, de alto teor de minério, fazem com que estes minerais sul-mato-grossenses tenha uma participação importante em um mercado regional e internacional, com a participação do Paraguai, Argentina, Uruguai e agora com este novo mercado que é a Europa”.

Comboio carrega 30 mil toneladas

“Os obstáculos que temos à expansão da produção do Estado estão relacionados aos estrangulamentos em infraestrutura, quanto a Ferrovia Malha Oeste, que está parada, e a manutenção da BR-262”, observou, adiantando que o Governo do Estado já está conversando com o Ministério dos Transportes para solucionar este gargalo.

Sem impacto ambiental

As exportações para a Europa estão sendo feitas pelo porto da Granel Química, em Ladário, onde é intensa a movimentação diuturna de máquinas e caminhões. Os carregamentos estão sendo acelerados para aproveitar o nível navegável do Rio Paraguai (2,48m, em 1/6) previsto para até o mês de setembro. Dois comboios de barcaças transportam 60 mil toneladas mensalmente em direção aos terminais argentinos e uruguaios, onde é feito o translado.

Técnicos da MPP e do Governo do Estado inspecionam carga de minério armazenada no porto de Ladário
Segundo Patrick Paneco, CEO e um dos novos sócios da companhia, com passagem pela Rio Novo Gold e MDU Resources no Brasil, as perspectivas de crescimento do projeto são promissoras. A MPP explora uma mina com volume de produção mineral de alto teor (65%) e qualidade por algumas décadas (entre 20 e 25 anos), com excelente aceitação no cobiçado mercado. As operações na planta de beneficiamento foram iniciadas em fevereiro.

O executivo destacou que o processamento do minério é ambientalmente inovador, onde o rejeito da matéria-prima não é depositado convencionalmente em barragens, sendo reutilizado em outras atividades econômicas. “Na lavagem do minério, a argila ocupa a mesma frente da lavra, com redução de até 80% do consumo de água”, explicou. Toda a área passa por recomposição ambiental, com previsão de criação de um viveiro de mudas.

O secretário-executivo do Programa MS Mineral, da Semagro, Eduardo Pereira, esteve em Ladário em visita ao sistema operacional e aos embarques do minério, acompanhado pelo executivo da MPP, Patrick Panero, engenheiro de mina, Antônio Landi, e pelo consultor e geólogo Alexandre Scheid.

Fotos: Bruno Rezende