Turismo

Com alta do turismo, micro e pequenas empresas do setor voltam a investir e gerar empregos

As boas expectativas para a retomada do turismo brasileiro na pós-pandemia seguem impulsionando os pequenos negócios e gerando empregos no país. Dados divulgados pelo Ministério do Turismo (Mtur), com base nas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), apontam que, no primeiro semestre deste ano, o turismo já criou mais de 105 mil novos postos de trabalho. Diante do cenário positivo, os donos de micro e pequenas empresas (MPE) fazem investimentos para garantir maior qualidade dos serviços e o aumento da demanda.

Em Parnaíba, no Piauí, a empresária Denise Campos e o marido Junno Sousa, administram juntos o Grupo VM, responsável pelo complexo pioneiro de empreendimentos voltados ao turismo na região. A agência de turismo VM Experience, integrante do grupo, já faturou 30% a mais do que no ano passado. Além disso, por causa da alta temporada, eles contrataram mais pilotos para as embarcações disponíveis para aluguel e atividades do off road. Já o restaurante Faustino, inaugurado há menos de um ano, já contratou neste ano, 13 colaboradores, entre garçons, cumins, profissionais de limpeza e do administrativo.

“Nós acreditamos muito no turismo do Piauí, integrado à Rota das Emoções, que também inclui o Ceará e o Maranhão. Prova disso é que compramos três novas embarcações e fazemos investimentos contínuos na marina, que aos finais de semana fica lotada. Acreditamos nesta retomada e que podemos crescer ainda mais”, afirma a empresária.

Pousada Aymara Lodge, em Poconé, região norte do Mato Grosso. Foto: divulgação.

Em Mato Grosso, na região do Pantanal Norte, o casal Lisa Canavarro e Giuliano Bernardon são donos da pousada Aymara Lodge, em Poconé, desde 2019. Após o período crítico da pandemia e do fogo que se alastrou pela região, em 2020, o pequeno negócio já conseguiu recuperar-se das perdas e está investindo em melhorias no local. De acordo com a empreendedora, em comparação com o ano passado, houve um aumento de 20% da procura.

A pousada que começou a funcionar com cinco colaboradores, atualmente já emprega 19 pessoas, sendo que quatro delas foram contratadas neste ano. A empreendedora destaca que enfrenta dificuldades para encontrar mão de obra qualificada e comprometida, mas que isso não impede o crescimento do negócio.

“Nosso negócio é voltado para o público estrangeiro, mas também começamos a receber muitos brasileiros, o que não era muito comum antes da pandemia. Este ano, a procura melhorou muito. Estamos investindo na estrutura e na qualidade dos serviços. Conseguimos comprar nosso próprio barco para os passeios e estou aguardando o orçamento para construir uma torre de observação”, contou Lisa.

Balneário Estrela do Formoso, em Bonito (MS), oferece atendimento day-use com diversas atividades em contato com a natureza. Crédito: divulgação.

O empresário Lucas Alves Ferreira, que comanda o Balneário Estrela do Formoso, em Bonito (MS), também acredita na retomada sustentável do turismo na região. Mesmo depois das fortes chuvas do começo do ano atrapalharem o negócio, ele se prepara para receber mais turistas até o final de 2023. Para não depender do rio e sofrer com os impactos do clima local, o empresário lançou novos produtos, como passeios de quadriciclos com contemplação, o que exigiu a contratação de dois novos funcionários.

“O começo do ano foi totalmente fora do que havíamos planejado e isso impactou um pouco a velocidade dos investimentos, mas isso não significa que vamos reduzir o nosso ritmo. Tivemos uma demanda reprimida no primeiro semestre, mas estou apostando que o clima será melhor daqui para frente. Também estou acompanhando a movimentação da economia e a intenção é contratar mais pessoas”, ressalta.

Momento de oportunidades

A coordenadora nacional de Turismo do Sebrae, Ana Clévia Guerreiro, ressalta que o país vive um clima favorável com a retomada do setor e da marca Brasil no exterior. Segundo ela, a retomada sustentável do turismo brasileiro precisa de ações de todos os atores envolvidos, seja da iniciativa privada, seja do governo e entidades representativas.

“É um clima que contagia quem empreende e também quem gosta de viajar. Então, é uma oportunidade para reposicionar o setor de modo a atender às expectativas desse turista, seja brasileiro ou estrangeiro, que quer encontrar um serviço de qualidade, viver experiências memoráveis e se encantar com a nossa identidade tão singular”, frisa.

Ela destaca ainda que o Brasil possui múltiplas vocações para o turismo, com capacidade de agradar a todos os gostos e acrescenta que o fato do país oferecer uma variedade de atrativos em um mesmo território e destino também favorece o desenvolvimento do setor, formado por 97% de pequenos negócios.