Cientistas chineses iniciaram no dia 30 de maio uma operação de perfuração na crosta terrestre na região de Taklimakan, onde está localizado o maior deserto do país. Essa perfuração, que atinge a marca de 10 mil metros, faz parte de uma série de estratégias de exploração da China e segue a escavação realizada pela empresa Sinopec em maio deste ano, com o objetivo de extrair gás e petróleo das profundezas do nosso planeta.
A China está empenhada em fazer esse buraco de 10 mil metros como parte de uma iniciativa para obter novos recursos naturais. Isso inclui tanto fontes de energia quanto minerais que possam fortalecer a economia do país, permitindo uma maior independência na importação desses produtos de outras nações.
Wang Chunsheng, um dos exploradores envolvidos no projeto, afirmou em entrevista à agência de notícias oficial do país, a Xinhua News Agency, que o objetivo do buraco chinês é melhorar a compreensão humana da natureza. Já Sun Jinsheng, cientista da Academia Chinesa de Engenharia, considera o projeto um desafio significativo.
O sucesso dessa empreitada pode resultar na descoberta de novas fontes de energia, pois a região de exploração está próxima do campo petrolífero de Fuman. No ano passado, a empresa PetroChina conseguiu produzir impressionantes 3,09 milhões de toneladas de petróleo nesse campo, destacando o potencial econômico do local.
Além disso, a perfuração no deserto de Taklimakan, que alcançará mais de 10 camadas da crosta e poderá atingir rochas do período Cretáceo com cerca de 145 milhões de anos, pode fornecer novas informações sobre o desaparecimento dos dinossauros.
Para realizar essas explorações em profundidades tão extremas, a China investiu em uma sonda automática capaz de atingir uma profundidade de 12 mil metros. Além disso, foram construídos cabos finos dentro da perfuração, com canos pesando mais de 2 mil toneladas. Essas tecnologias vêm sendo desenvolvidas há alguns anos, como destacado por Liu Jiaqi, representante da Academia de Ciências da China.
A busca por novas fontes de energia não é o único objetivo dessas explorações. A capacidade de alcançar grandes profundidades pode oferecer uma compreensão maior dos possíveis riscos naturais, como terremotos e erupções vulcânicas, permitindo um melhor preparo para enfrentá-los. Essa exploração tem previsão de duração de 457 dias.
Além das intervenções na crosta terrestre, o presidente da China, Xi Jinping, impulsionou outros eixos de investimento científico, incluindo as profundezas do espaço, do mar, da Terra e a ciência da computação e inteligência artificial. Esses avanços foram destacados pelo presidente como os “novos motores de crescimento” da economia chinesa.
A China tem alocado uma quantidade significativa de recursos financeiros para a ciência. Em 2022, foram gastos 3,087 trilhões de yuans em pesquisa e desenvolvimento, um aumento de 10,4% em relação ao ano anterior, de acordo com o Escritório de Estatísticas Nacional da China.