Saúde

Apesar de muito comuns, entorses no tornozelo pedem atenção redobrada, diz especialista

Por Vivianne Nunes

Acidentes de trânsito, uso excessivo de sapatos de salto alto, prática de esportes de impacto, corridas, pés cavos, tudo isso pode representar riscos para a saúde do tornozelo. Quem nunca virou o pé ao caminhar ou mesmo pisando em falso? Os entorses são mais comuns do que a gente pensa e em muitos casos, se não forem bem tratados no começo, podem levar o paciente para a mesa de cirurgia.

A professora Olícia Ocampos Cabral, 47 anos, é ex-atleta do handebol e acabou de passar por uma cirurgia, pois rompeu totalmente dois ligamentos do pé. Segundo ela, resultado de lesões anteriores. “Foi a quinta vez que tive uma entorse. Uma vez tive os rompimentos mas não eram os principais e por isso não precisei de cirurgia.

Aconteceu quando desci do carro e pisei no meio fio”, contou. A penúltima vez, Olícia tinha subido no vaso sanitário do banheiro para fechar a janela e quando voltou com o pé no chão, caiu. Por último, pisou em falso numa ondulação da calçada.

Ela procurou a ajuda do especialista Caio Augustus que a encaminhou logo para a cirurgia. “Foi agora, em novembro do ano passado que me machuquei”.

Depois de muita insistência com aulas de hidroginástica e fisioterapia constante, Olícia diz estar recuperada. “Perdi massa muscular e por isso não tenho força na perna direita, mas já evolui bastante e logo, logo estarei cem por cento”, afirmou esperançosa. Ela confessa que se tivesse dado uma atenção maior antes, quando se machucou as primeiras vezes, seguindo com rigor a fisioterapia, talvez não tivesse chegado nesse estágio.

Pés Cavos

Lourdes Menagatti

Já com a administradora Lourdes Menegatti, 58 anos, o problema no tendão surgiu devido ao formato do pé. “O doutor disse que tenho a pisada um pouco torta”, contou. De acordo com ela, não houve um episódio específico.
Habituada a esportes radicais que incluem pedal, academia, tracking , sobe e desce de montanhas e trilhas, Lourdes voltou da última viagem mancando e com fortes dores. Ela conta que as dores começaram há dois anos, mas que eram “leves” como um pequeno incômodo. Chegou a procurar o atendimento de um ortopedista que fez alguns exames, mas não encontrou o problema.

Ao chegar da Serra Gaúcha no ano passado, onde segundo ela andou muito, acabou procurando o especialista que logo a diagnosticou com o pé cavo. No dia da entrevista, Lourdes havia recém completado trinta dias da cirurgia e se dizia muito bem. “Ainda sinto dores, está um pouco inchado, mas é bem recente. Doutor Caio me disse que com cinco semanas eu estaria pronta para voltar as atividades normais e eu acho que está tudo dentro do previsto. Estou me recuperando rápido”, finalizou.

Acidente

Jaqueline Veiga (acidente de moto)

Já com a auxiliar administrativa, Jaqueline Viega, 24 anos, a situação foi bem diferente. Ela ficou quatro meses sem andar depois de sofrer um acidente. Em maio do ano passado a moto que ela pilotava caiu sobre a perna esquerda. “Um rapaz de carro avançou o sinal de Pare e ia bater em mim. Tentei evitar o acidente subindo na calçada, mas eu estava muito devagar e a moto não teve força pra subir, então caiu em cima da perna”, contou.
Jaqueline não chegou a ser socorrida. Ela mesma se levantou e voltou para casa. “Tomei um banho e fui para o hospital. Quando cheguei não tinha ortopedista, então fui atendida por um clínico geral. Tiramos raio-x, mas ele não conseguiu identificar nada. No dia seguinte fui em outro hospital, atendida por um ortopedista que solicitou uma ressonância. Fiz o exame e uma semana após o acidente eu consegui saber o que tinha de fato, acontecido. Nessa primeira etapa passei por três médicos até chegar ao doutor Caio [especialista em pé e tornozelo]”, explicou.

Com a queda, a jovem sofreu um rompimento ligamentar e trincou o tornozelo. Ela também trincou o joelho, ambos do lado esquerdo. Em novembro do ano passado, ainda com bastante dor e uma recuperação lenta mesmo com sessões infindáveis de fisioterapia, o médico optou pela cirurgia. Foram dois parafusos e ela ainda segue em recuperação com uma rotina intensa de atividades de reabilitação. Hoje ela já voltou ao trabalho e diz que está ansiosa para voltar a pilotar.

Pé e tornozelo

Dr. Caio Augustus Fernandes Araujo

De acordo com o médico Caio Augusto, o ideal é o tratamento com órtese funcional e fisioterapia para a correta reabilitação. A prática de esporte sem o devido tratamento do entorse também aumenta a chance de novos episódios.

Ele explica que na hora do entorse é importante notar se a pessoa que se machucou tem a capacidade de apoiar o membro no chão, se sente dor na região do tornozelo ou no pé ou se fica inchado e roxo. “Esses são sinais de que o atendimento médico e correto acompanhamento são imprescindíveis”, explicou.

Sobre o tempo de recuperação dessas lesões, o ortopedista lembra que depende muito da gravidade da entorse e do quadro clínico de cada paciente, mas que geralmente a recuperação completa se dá entre quatro e seis semanas.