O cardiologista Roberto Kalil alerta para os cuidados que a Covid 19 inspira, mesmo entre aqueles que já contraíram o Novo Corona Vírus e passaram por um quadro de internação: “Estamos no meio de uma tragédia, cujos efeitos ainda serão sentidos por um longo tempo entre a população.”
O Brasil está perto de atingir 16 milhões de casos confirmados de Covid 19. Um a cada 13 brasileiros já manifestou os sintomas dessa enfermidade. Algumas dessas pessoas poderão conviver nos próximos meses com a chamada “síndrome do pós-covid”, lidando com sintomas que vão da fadiga à depressão.
Tão séria quanto a própria doença, a síndrome pós-covid demanda cuidados médicos em várias frentes e dependendo de como se desenrolar, deve impactar o SUS de forma importante, pressionando ainda mais a saúde pública com a busca por leitos e atendimento nos hospitais.
O alerta é do professor titular de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, o médico Roberto Kalil, do InCor e hospital Sírio Libanês. “A Covid 19 é uma doença muito mais séria do que imaginávamos. Dependendo da situação, há uma grande chance de má evolução clínica e inclusive óbito”, afirma o doutor Kalil.
Ele defende que todos os pacientes que tiveram a doença e passaram por internação, contem com um acompanhamento médico adequado nos meses subsequentes à cura da Covid 19. “É muito comum termos relatos de falta de ar, perda de olfato e paladar, tonturas e até dificuldade de raciocínio entre os que já estiveram internados em virtude da doença”.
Muitos sentem que o organismo não é mais o mesmo depois da Covid 19. O acompanhamento médico é essencial para a plena recuperação da síndrome pós-covid, que pode durar meses”, explica.
Pesquisas indicam que 17% dos pacientes de Covid 19 que voltam para casa precisam ser hospitalizados novamente. “Sem dúvida, estamos diante de um problema de saúde pública, para o qual ainda não nos atentamos devidamente, uma vez que o esforço maior e prioritário agora é a vacinação”, ressalta o doutor Kalil.
“Vacinação em massa e a colaboração da população em manter o distanciamento social são as únicas saídas nesse momento. É preciso que a população entenda que estamos no meio de uma tragédia, cujos efeitos ainda serão sentidos por um longo tempo”, completa.