Entre conquistas urbanas e visões de futuro, o senador Nelson Trad Filho discute o que marcou sua administração na Capital e o que deve ser prioridade do próximo governo
Em entrevista exclusiva, o Senador Nelson Trad Filho reflete sobre o legado de sua gestão como prefeito, destacando a inauguração de 1.044 obras em Campo Grande, com ênfase nas melhorias de mobilidade urbana e na preservação ambiental. Trad aponta os avanços na questão de recapeamento asfáltico como uma mudança significativa desde sua administração, graças à disponibilidade de novas linhas de crédito. Ele também discute os desafios futuros para a cidade, incluindo a necessidade de um transporte de mobilidade urbana mais eficiente e a importância de uma gestão financeira sólida para futuros investimentos. Com um olhar crítico sobre as gestões subsequentes, o senador enfatiza a necessidade de planejamento e comprometimento para superar as dificuldades inerentes à administração de uma metrópole como Campo Grande. Trad, que sobreviveu a várias gerações de políticos, contempla sua trajetória e o papel de renovação na política, ao mesmo tempo em que se mantém aberto a futuras possibilidades, submetendo seu destino a desígnios maiores.
- Qual você acredita ter sido o principal legado da sua administração?
O principal legado de nossa administração foi conseguir realizar e inaugurar 1.044 obras na cidade. As mais importantes foram as ligações entre os bairros e o centro da cidade, sempre por meio de grandes avenidas. Destacamos não só a mobilidade urbana, mas também a implantação de ciclovias, pistas de caminhada e a preservação dos leitos dos córregos. A questão ambiental foi, na minha avaliação, a principal marca da gestão de Nelsinho Trad.
- Quais são as principais diferenças da Campo Grande de hoje em relação à sua época de prefeito?
A principal diferença de Campo Grande hoje, comparada à época em que fomos prefeitos, é o avanço na questão dos recapeamentos. Anteriormente, não havia linhas de crédito disponíveis para essa finalidade; era necessário usar recursos próprios ou não fazer. Atualmente, existem recursos disponíveis para recapear os asfaltos, que normalmente se deterioram com o tempo, evitando, assim, os constantes reparos de buracos. Essa é uma mudança significativa na cidade atual.
- Os desafios dos governantes atuais permanecem os mesmos?
Os desafios evoluem dinamicamente com o tempo. Campo Grande já precisa começar a pensar em um transporte de mobilidade urbana moderno, rápido, pontual e eficiente, como, por exemplo, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que seria uma espécie de metrô de superfície. Mais acessível financeiramente, ele atenderia aos grandes polos de densidade populacional existentes na cidade.
- Qual, na sua opinião, deveria ser a prioridade zero do próximo prefeito(a)?
A prioridade zero do próximo prefeito, em minha avaliação, é restabelecer, por meio de um choque de gestão, a saúde financeira da prefeitura, incluindo a folha de pagamento, e, com isso, promover uma maior margem para investimentos com recursos próprios. Além disso, é essencial promover um mutirão de limpeza nos leitos dos córregos, bocas de lobo, árvores e na jardinagem da cidade, organizando toda essa questão que deixou muito a desejar desde que deixamos a prefeitura.
- Qual é a maior dificuldade de se administrar uma cidade como Campo Grande?
A principal dificuldade em administrar uma cidade como Campo Grande, que é uma metrópole com 1.000.000 de habitantes, reside na diversidade e na quantidade de problemas cotidianos, que mudam dia após dia. Você sabe como começa uma jornada de trabalho, mas nunca sabe como ela termina. Isso exige uma equipe antenada, competente, comprometida e disponível 24 horas. Acredito que, com organização e planejamento, é possível superar os desafios da administração na capital do Mato Grosso do Sul.
- Por quê algumas reclamações da população, como a qualidade das ruas, permanecem gestão após gestão?
As reclamações da população relacionadas à pavimentação da cidade diminuíram significativamente nas últimas gestões, graças a melhorias significativas nas ruas. Esse progresso foi um ponto muito positivo das últimas duas administrações, o que contribuiu para a redução das queixas, embora ainda haja muito a ser feito.
- Se pudesse ter feito algo diferente no seu tempo de prefeito, o que seria?
Eu deveria ter promovido, como sugerido, a fundação de cultura e esporte no centro de belas artes durante nossa gestão, que entregamos a etapa A. Comuniquei essa importância ao prefeito que me sucedeu durante a transição, mas, infelizmente, quem assumiu meu lugar não tomou as ações necessárias para evitar a deterioração do local. As instalações que deixamos foram completamente saqueadas, e sempre me arrependo por não ter feito a mudança necessária, pois já estava tudo pronto para ser utilizado.
- Hoje, você é o único ex-prefeito da cidade que ocupa um cargo eletivo. Acredita que o campo-grandense é muito exigente com quem passa pela prefeitura, ou a prefeitura e muito desgastante para o político?
É verdade que sou um dos sobreviventes da geração de políticos que passou não só pela prefeitura, mas também por outros cargos. A renovação na política é intensa, e a população gosta de experimentar novidades. Temos nos esforçado para merecer sempre a confiança das pessoas.
- Como diferencia a sua atuação como prefeito da sua atuação como senador em relação à Campo Grande?
Atuar como prefeito significa operar pelo poder executivo, tendo a legitimidade para definir prioridades e executá-las. Já como senador, que faz parte do poder legislativo, recebemos solicitações de moradores, vereadores e do próprio prefeito sobre as necessidades da cidade. Viabilizamos recursos para que o executivo municipal possa implementar essas demandas. Essa é a principal diferença entre os cargos.
- O histórico de ex-prefeitos que ocuparam cadeiras depois no Senado Federal foi comum no passado, por quê?
A prefeitura de Campo Grande oferece uma forte projeção eleitoral para aqueles que passam por ela e saem bem avaliados. Não basta apenas ocupar o cargo; é essencial ter uma boa avaliação, pois a história mostra que quem não é bem avaliado falha em suas aspirações eleitorais futuras. Por outro lado, quem sai bem avaliado é reconhecido pela população da capital, que representa uma porcentagem significativa do eleitorado do estado, abrindo caminho para conquistas maiores.
- Pretende voltar a ser prefeito um dia?
Não posso afirmar que pretendo ou não pretendo buscar futuras posições políticas, pois o futuro pertence a Deus, e as circunstâncias que o envolvem são desígnios divinos.