Polícia

Servidora diz que era coagida a fornecer a senha para inserção de dados em carteiras de vacinação

Uma servidora pública de Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense, denunciou à Polícia Federal (PF) que foi coagida a fornecer a própria senha para adulterar o banco de dados de vacinação da cidade. De acordo com informações da TV Globo, essa denúncia levou a uma nova investigação mais aprofundada sobre o suposto esquema de fraude no registro vacinal do ex-presidente Jair Bolsonaro, que teria sido vacinado com doses da Pfizer em 2022, apesar de afirmar publicamente que não havia se vacinado.

Os malotes contendo as apreensões feitas no Rio de Janeiro chegaram a Brasília nesta quinta-feira (4), onde serão analisados pelos investigadores. Entre as apreensões, estão celulares do ex-presidente, do tenente-coronel Mauro Cid e de outras pessoas envolvidas na investigação.

De acordo com a PF, funcionários da Prefeitura de Duque de Caxias inseriram dados falsos de vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS) para Bolsonaro, sua filha Laura, dois assessores e um deputado do MDB. Essa inserção de dados teria sido feita somente em dezembro de 2022 pelo então secretário de Saúde e atual secretário municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha.

A vacinação na cidade foi marcada por filas quilométricas, aglomeração nos postos e desorganização. A Justiça chegou a bloquear R$ 2,5 milhões do então prefeito, Washington Reis, por suspeitas de irregularidades na campanha.

Após a operação ser deflagrada e Jair Bolsonaro ter sua casa alvo de mandado de busca e apreensão, o ex-presidente reafirmou que ele e a filha não se vacinaram contra a Covid-19. Ele também negou ter havido adulteração de sua parte nos cartões de vacina.

No entanto, segundo informações do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), há registros de que Jair Bolsonaro teria tomado a 1ª dose da vacina no dia 13 de agosto de 2022, no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, e a 2ª dose no mesmo lugar no dia 14 de outubro de 2022. A filha do ex-presidente, Laura, teria recebido a primeira dose no dia 24 de julho de 2022, também no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias, e a segunda dose teria sido administrada no mesmo dia que a primeira dose de Bolsonaro, no dia 13 de agosto de 2022, no mesmo local.

Ao todo, seis pessoas foram presas na Operação Venire, deflagrada nesta quarta-feira (3), incluindo o secretário de Saúde de Duque de Caxias. Informações do Ministério da Saúde revelaram que João Carlos de Sousa Brecha fez mais de 60 inserções de dados de vacinação contra a Covid-19 no sistema em 2022.