O dólar abriu em baixa nesta quinta-feira (4), um dia após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75% ao ano.
Ontem, também, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou seus juros em 0,25%, a um patamar entre 5,00% e 5,25% ao ano. Embora essa alta tenha levado as taxas americanas aos maiores níveis desde 2007, a decisão já era amplamente esperada pelo mercado, o que ajuda a explicar o bom desempenho do real frente ao dólar neste início pregão, segundo especialistas.
Às 09h50, a moeda americana caía 0,13% aos R$ 4,9855.
Na véspera, o dólar fechou com baixa de 1,08%, cotada a R$ 4,9919. Com o resultado, a moeda passou a acumular:
– Alta de 0,09% na semana e no mês;
– Baixa de 5,42% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Na noite desta quarta-feira (4), o Copom do Banco Central do Brasil (BC) manteve a taxa Selic em 13,75%, mesmo patamar desde agosto do ano passado. O resultado já era esperado pelo mercado.
De acordo com André Meirelles, diretor de Alocação e Distribuição da InvestSmart XP, o comunicado dado pelo comitê também veio em linha com as expectativas dos analistas e investidores, sem dar “abertura para uma possível queda de juros na próxima reunião”.
“Lembrando que a expectativa do mercado é que o ciclo de queda de juros aconteça a partir do segundo semestre desse ano, caso as expectativas de inflação se acomodem”, pontua Meirelles.
Economistas do BTG Pactual destacam que o comunicado trouxe poucas alterações em relação ao que já vinha sendo dito, com exceção da última frase, “adicionando que, ‘apesar de menos provável’, o comitê não hesitará em subir juros caso o processo de desinflação não transcorra como o esperado”.
Atualmente, as projeções para a inflação em 2023 são de 6,1%, segundo a última edição do Boletim Focus, do BC. A meta inflacionária para este ano é de 3,25%, com margem que vai de 1,75% a 4,75%.
O Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA, porém, considera que as expectativas para uma inflação menor devem começar a aparecer no segundo semestre, acompanhando a provável desaceleração econômica trazida pelos juros altos.
Já no exterior, o Fed também fez o que era esperado pelo mercado e elevou seus juros em 0,25%.
Segundo Meirelles, o que chamou a atenção dos investidores foi que o Fed retirou de seu comunicado o parágrafo que dizia que algum endurecimento adicional da política monetária poderia ser apropriado nos próximos meses, dando a entender que o ciclo de aumento de juros pode estar próximo do fim.
“Alguns fatores como os últimos dados de atividade mais fracos, a aparente tendência de estabilização nos preços e o aperto do crédito podem abrir espaço para estabilização dos juros nas próximas reuniões, apesar do mercado de trabalho ainda estar aquecido”, destaca o especialista.
Na zona do euro, o Banco Central Europeu também elevou, nesta quinta, as taxas de juros em 0,25%, a um patamar entre 3,25% e 4,00% ao ano. No comunicado, a instituição afirma que a elevação é uma tentativa de frear “a inflação muito alta por muito tempo”.