O dólar abriu em alta nesta terça-feira (8), em dia de muita volatilidade internacional enquanto investidores aguardam pelo resultado das eleições nos Estados Unidos.
O cenário político também é destaque no Brasil, com o mercado na expectativa pela definição dos nomes que estarão na equipe de transição do governo, além das indicações aos ministérios e sinalizações sobre o orçamento de 2023.
Às 09h05, a moeda norte-americana reportava avanço de 0,50%, cotada a R$ 5,1973.
No dia anterior, a moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 2,22%, vendida a R$ 5,1714. Com o resultado, passou a acumular alta de 0,12% no mês – mas segue em queda de 7,24% no ano frente ao real.
O que está mexendo com os mercados?
Os pontos que estiveram no radar dos investidores ontem e levaram o dólar a registrar uma valorização expressiva ante o real são os mesmos que permanecem na agenda desta terça.
Em nível global, o principal evento do dia são as eleições de meio de mandato nos EUA, que têm esse nome justamente porque acontecem na metade do mandato de quatro anos do presidente do país, cargo atualmente ocupado por Joe Biden.
Essas eleições renovam a Câmara dos Deputados americana, além de um terço do Senado. Para Biden, é importante que o seu partido, o Democrata, conquiste a maioria dos votos para que suas propostas de governo sejam mais facilmente aprovadas.
No entanto, historicamente quem sai vitorioso dessas eleições de meio de mandato é o partido de oposição ao governo da época. Hoje, a oposição é feita pelo Partido Republicano, do ex-presidente Donald Trump. Pesquisas eleitorais apontam uma vitória apertada da oposição, mas o resultado segue incerto, o que adiciona volatilidade aos mercados.
Nos EUA, também segue a expectativa pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de outubro, que será divulgado nesta quinta-feira (10). O indicador reflete a inflação oficial do país e serve como um farol para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) calibrar suas medidas de política monetária.
A principal forma que os bancos centrais têm de controlar a inflação é a elevação das taxas de juros, o que já vem acontecendo nos EUA. Na semana passada, o Fed elevou os juros em mais 0,75 ponto percentual, a um patamar entre 3,75% e 4,00% ao ano, e indicou que, nos próximos meses, outros aumentos de menor magnitude virão.
Quanto maiores são os juros nos EUA, maior é o rendimento dos títulos públicos americanos – que são considerados os mais seguros do mundo. Assim, se as taxas sobem por lá, a tendência é que os investidores retirem suas reservas de ativos de risco, como o moeda brasileira, e coloquem nos títulos que oferecem menos risco por um retorno atrativo, favorecendo o dólar.
No Brasil, o cenário político segue a ditar o rumo dos negócios. Internamente, as expectativas giram em torno do anúncio de quem estará na equipe de transição de governos, que deve ser realizado ainda hoje pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.
Além dos nomes da equipe de transição, o mercado também aguarda a definição de quem ocupará os ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com destaque para as pastas mais ligadas à economia.
Investidores e analistas esperam indicações mais alinhadas ao centro ou centro-direita do que nomes da esquerda, explica Josian Teixeira, gestor de portfólio da Lifetime Asset Management. “Nomes mais à esquerda podem pesar contra o real”, afirma.
Dados de inflação também serão divulgados no Brasil nesta quinta. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com expectativas do mercado de alta de 0,48%.