A velocidade com que as cidades afegãs caíram em poucos dias e o temor de uma repressão do Talibã à liberdade de expressão e a direitos das mulheres conquistados ao longo de duas décadas provocam críticas à decisão norte-americana.
Biden, que disse que as forças afegãs tinham que reagir ao Talibã, deve falar sobre o Afeganistão às 16h45 (horário de Brasília).
Ele está sendo criticado por adversários e aliados, inclusive parlamentares democratas, ex-funcionários do governo e até seus próprios diplomatas pela maneira como tratou da retirada norte-americana do Afeganistão.
A essência das críticas está na falta de preparativos do governo dos Estados Unidos, tanto para remover afegãos em risco, mesmo com meses para planejar, quanto por fazer pouco para garantir que alguns progressos nos direitos das mulheres não evaporem da noite para o dia.
“Se o presidente Biden realmente não se arrepende de sua decisão de retirada, então está desconectado da realidade no que diz respeito ao Afeganistão”, disse o senador republicano Lindsey Graham, no Twitter.
O deputado republicano Jim Banks, membro do comitê dos Serviços Armados da Câmara, disse à rede Fox News: “Nunca vimos um líder americano abdicar de suas responsabilidades e liderança como Joe Biden faz. As luzes estão acesas na Casa Branca, mas não tem ninguém em casa. Onde está Joe Biden?”
Jim Messina, vice-chefe de gabinete da Casa Branca do ex-presidente Barack Obama, defendeu a decisão de Biden, dizendo que houve um consenso bipartidário segundo o qual era hora de partir.
O presidente afegão, Ashraf Ghani, fugiu no domingo (15), quando os militantes islâmicos entraram em Cabul praticamente sem oposição, dizendo que queria evitar derramamento de sangue.
Os Estados Unidos e outras potências estrangeiras correram para retirar funcionários diplomáticos e outros, mas os Estados Unidos suspenderam temporariamente todos os voos de retirada de pessoas para tentar liberar o aeroporto, disse um oficial de defesa dos EUA à Reuters.
Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã, disse em uma mensagem no Twitter que seus combatentes estavam sob ordens estritas de não ferir ninguém.
“A vida, a propriedade e a honra de ninguém devem ser prejudicadas, mas devem ser protegidas pelos mujahidin”, disse.