Por Vera Tylde
Palavras de origem latina, seus conceitos atuais estão bastante ampliados. Refletem a vida em sociedade e os princípios fundamentais para sua preservação eficaz, como manancial de bem comum a favor de seus
habitantes e visitantes.
Cidadania, vem de civitas que em latim significa: cidade. No conceito atual é a qualidade de ser cidadão sujeito de direitos e deveres.
Patrimônio, do latim patrimonium, herança familiar, hoje seu conceito ampliado envolve patrimônios classificados em imaterial e material, além do artístico e do natural. Segundo o IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, “o patrimônio cultural de um povo, é formado pelo conjunto dos saberes, fazeres, expressões, práticas e seus produtos que remetem à história, à memória e à sua identidade”.
Nosso jovem estado de Mato Grosso do Sul, tem um acervo patrimonial muito rico em todos os aspectos patrimoniais do natural, memorial, histórico, cultural, artístico, saberes, fazeres e costumes. Os currículos
escolares, deveriam incluir obrigatoriamente a educação patrimonial, para decisivamente contribuir na formação da cidadania de seus habitantes. Conhecendo e respeitando nosso patrimônio, além da contribuição inestimável
para a noção de pertencimento, uma consequente autoestima nos favorece, por reconhecermos o valor de nossa terra natal e ou de adoção e suas origens.
Lamentavelmente, viajando por MS, constatamos ínfimas demonstrações dos poderes públicos de manter em pauta e pugnar pelo conhecimento, valorização, preservação e promoção e divulgação do nosso patrimônio por ausência de visão e gestão. Cito exemplos: o nenhum tratamento eficaz concedido aos rios, vegetação nativa, flora e fauna comuns em nossos municípios, mananciais de vida, beleza estética, atrações turísticas e de lazer naturais, tão valorizadas, por todo cidadão consciente, como insumos para melhor qualidade de vida no planeta terra.
Planejamento urbano, é outro setor, que além de não promover a pesquisa, conhecimento, valorização, memória, história da cultura local, não preserva sítios emblemáticos, como praças, bairros, espaços públicos, prédios,
monumentos, entre outros valores patrimoniais.
Engenharia de Trânsito – As cidades vão crescendo, novas demandas surgem, e uma adequada assessoria no setor, é capaz de evitar circulação de coletivos desnecessários promovendo engarrafamentos, até mesmo nas cidades menores, a convivência nefasta e perigosa de veículos pesados como caminhões, tratores e outros equipamentos que merecem ter roteiros próprios, através de anéis viários e não transitarem pelas vias urbanas, como comumente ocorre.
Comunicação visual segundo os padrões internacionais, principalmente nos municípios de potencial turístico, em nosso caso, quase todos, em razão dos biomas e de seus valores históricos nacional e internacional na fronteira
oeste do país.
Inconcebível a ausência de informações adequadas dos pontos turísticos, acessível aos turistas de todos os quadrantes da terra por símbolos consagrados mundialmente. Ausência de placas identificando ruas,
logradouros e monumentos. Enfim, mapear a cidade e seus recursos de forma inteligente, criativa, mas respeitando características do patrimônio cultural e artístico local. É risivel que se guarneça a cidade com símbolos que não lhe
pertencem, como tuiús onde não são comuns, totens de concreto com seus nomes copiados de outros municípios, slogans de nenhuma qualidade em substituição a alguns de valor, simplesmente para definir ações políticas partidárias…
A crítica é construtiva. A crônica é para refletir e contribuir. A solução existe e não é impossível. Instituições como o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, que possui em seus quadros de associados voluntários
mestres, pesquisadores, historiadores, engenheiros, arquitetos, geógrafos, doutores em desenvolvimento local e patrimônio, estão disponíveis para consultas e projetos. Além evidentemente do IPHAN, da Embrapa e outras
instituições reconhecidas e capazes de apoiar iniciativas para a manutenção do nosso patrimônio, dever pessoal de cada cidadão e daqueles que os representam nos poderes constituídos.