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“Embrapa segue firme perseguindo a alta produtividade nas variedades de sojas convencionais”, afirma o chefe-geral da Embrapa Cerrados

Se por um lado as áreas no Brasil cultivadas com soja convencional estão diminuindo a cada safra, por outro esse panorama não impacta o empenho da Embrapa em continuar desenvolvendo pesquisa para lançar variedades de soja convencional altamente produtivas. Um exemplo de cultivar não transgênica que tem alcançado as mais altas produtividades de soja no Mato Grosso e na Bahia é a BRS 8381, desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Fundação Cerrados.

Panorama –  o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, participou no início deste mês de maio de um webinar do projeto Conexão Soja Livre que reuniu pesquisadores, consultores e produtores rurais para debater a situação da soja convencional no Brasil. De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a área de soja convencional na safra de 2020/2021 foi de 484 mil hectares, no MT, seguido pelo Paraná, com 206 mil hectares. Goiás e Mato Grosso do Sul registraram 52 e 43 mil hectares, respectivamente. Os quatro estados plantam 87,6% da área usada com plantio de soja convencional no Brasil. Segundo dados do IMEA, a área plantada com soja não transgênica no MT está diminuindo a cada ano, atualmente está em 4,7%.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2016 foram registradas 141 variedades transgênicas e três convencionais; em 2020 esse número saltou para 782 transgênicas e 21 convencionais, sendo 43% desenvolvidas pela Embrapa. Sebastião Pedro defende, no entanto, que é importante para o agricultor brasileiro ter alternativas de escolha na hora do plantio. “O mercado pode ter certeza que nós aqui na Embrapa vamos continuar pesquisando e lançando bons materiais não transgênicos. Temos condições para isso, capacidade instalada de laboratórios, de pesquisadores e parceiros importantes que nos permitem trabalhar com muita eficiência”, afirmou.

Ele ressaltou, no entanto, que é preciso muito diálogo para tentar resolver alguns problemas que estão postos. Um deles é a questão da semente salva. “Os sementeiros reclamam que está cada vez mais difícil vender a soja livre (convencional). E, ao mesmo tempo, os agricultores falam que está complicado comprar variedades novas de soja convencional. É um cenário que precisa ter mais diálogo entre o cliente, o mercado e o obtentor. Porque esse trabalho de melhoramento genético é caro e precisa ser remunerado de alguma forma depois do lançamento, caso contrário, os obtentores irão cada vez mais ficar desestimulados em pesquisar novas cultivares”, afirma.

O diretor do Instituto Soja Livre, Ricardo Arioli, esclarece que o problema não está no fato de o produtor salvar as sementes. “Esse é um direito dele que queremos preservar. A questão é discutirmos uma forma de remunerar o obtentor nesses casos. Acredito que não tenha ninguém contra isso. Temos que dialogar a respeito, não podemos continuar nessa situação”, avalia. Segundo ele, o desenvolvimento de novas variedades é benéfico para toda a cadeia de produção, principalmente para os agricultores. “Precisamos garantir novas variedades no mercado. Isso é o que tem nos mantido vivos aqui no MT. E variedade nova produtiva chega todo ano graças aos obtentores e ao melhoramento genético”, afirmou.

De acordo com Sebastião Pedro, a Embrapa segue firme perseguindo as altas produtividades nas variedades de soja convencionais. “Estamos incorporando ao programa de melhoramento novas ferramentas, como a genômica, com o objetivo de aumentar cada vez mais a eficiência e o ganho genético. Este ano vamos lançar novos materiais de ciclo curto e com alto teto produtivo para o Mato Grosso”, adiantou. Segundo ele, ao aliar esses novos materiais às tecnologias de manejo que estão sendo desenvolvidas, como bioinsumos e remineralizadores, será possível oferecer ao mercado soja sustentável, muito demandada especialmente por países europeus. “O trabalho de melhoramento genético de soja da Embrapa tem buscado novas modalidades de manejo com vistas a viabilizar a produção de ‘soja de baixo carbono’.

Foto: Juliana Caldas